Arquivo | maio, 2013

Ser Arte (o)

9 maio

A obra continuava lá.

E ela, exacerbada quanto ao todo que ele havia passado, inconformada ante aos muitos tapas de repugno que assistira de camarote – e ainda assim ao seu lado –  os mestres (seriam hipócritas?) da vida lhe dar, lhe questionou, quase que em súplica:

– Eu tento. Me esforço em ver o que você vê, que tão pouca gente vê, que mais parece nem mesmo existir (e existira?)… Mas por mais que eu te ame; ainda que assine o testemunho de respaldo em seu favor, como a afiar o lado da adaga que não corta (não sabia ela, os dois lados da adaga o fazem) e te.. nos resguardar; por mais que eu caia em júbilos antes mesmo de você. Não é assim que o mundo gira. O mundo ceifa. Entendo-te – e a esta altura não sabia mais ela se nisto acreditava ou se para si mesma mentia – mas eles jamais te entenderão. Mas… Mas por que você não para?

E ele sem pestanejar, sem olhar para ela, sem olhar nem mais mesmo para a obra, como quem olha para o horizonte quando na verdade enxerga muito além deste, apenas respondeu:

– Porque é arte, mamãe.

Era arte. E tão real, que ela quase se sentia mesmo mãe dele.

Pãn! Pãn! Pãn!

6 maio

Era sábado.
Daí o despertador tocou e eu bati nele, claro.
Que débil mental opta por acordar cedo em um sábado?

7h20.

Às 8h10 eu deveria estar no Tatuapé.
Pensei [q tenho q]: Levantar, barba, banho, me trocar, verificar carro, arrumar mochila, pegar bomba, pegar bola, pegar, pegar, pegar, café, abastecer, #partir.

Pensei: “É muita coisas para fazer em pouco tempo.”

Pensei,
A vida é assim: muita coisa para fazer em pouco tempo.

Hora de levantar.
Era sábado, e eu estava vivo.
Era sábado.