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O Maior Presente

8 abr

Foi há quatro anos e eu não era tão bom com as palavras. Contudo, optei por preservar o texto e título originais. Naquela época as coisas eram diferentes de hoje (como sempre são quando se pensa no passado) os ares eram mais alegres, a vida, àvida, nem mais fácil nem mais árdua: apenas em um estágio diferente. E, ainda sim, ainda penso o mesmo sobre aniversários. Aquele dia ficou marcado. Talvez outros aniversários não fiquem, mas aquele ficou. Que um resquício dele sirva para trazer um pouco daquela fase para o agora e que eu aproveite disto para retomar o simples do dia-dia.

Aniversários. Quem nunca gostou de ao menos um deles? Quando eu era pequeno costumava a esperar a data do meu. Mal via a hora de saber o que ganharia e se eu ia gostar daquilo que eu ganhasse. Ficava horas imaginando se meus pais me dariam aquilo que eu havia pedido. E as festas então?! Nada mais legal do que ser criança e poder correr, pular, dançar e brincar! Chego a lembrar do brilho nos olhos das crianças ao verem aqueles doces; beijinhos, cajuzinhos, bolo e brigadeiros. Festa de aniversário era o dia que qualquer criança poderia querer.

Os anos foram se passando e com eles muitos aniversários. Eu já não era mais criança e agora não pensava só em brinquedos. Mas cheguei a achar que meus pais nunca perceberiam isso. Para os pais, sempre seremos crianças e é difícil para eles perceberem quando começamos a crescer. Agora que eu estava entrando na adolescência, queria CDs, camisetas, acessórios e tudo mais. Festas não eram apenas para brincadeiras, mas sim para muitas novas descobertas.

Mais uma vez veio o tempo e quando dei por mim, muitas daquelas coisas não me interessavam mais. Preferia que me dessem dinheiro e eu mesmo comprasse o que eu queria. Talvez porque eu estivesse me tornando mais independente dos meus pais ou mesmo porque com o tempo, muitos outros aniversários surgiram em minha vida. Aniversários de pessoas que agora eram importantes para mim, e eu mesmo queria presenteá-las.

Comecei a ver que presentes e doces não eram o mais importante em um aniversário. Percebi que mais importante do que ganhar um presente, era ter ao seu lado pessoas com as quais vocês poderia se divertir, pessoas que você gostasse e que cujo sentimento era mútuo. Descobri que as pessoas que ficavam com você no dia do seu aniversário, não estavam ali simplesmente por ser o seu dia, pois para elas, você era importante em todos os dias. Elas estavam ali porque realmente gostavam de você. O fato de ser seu aniversário, tornava-se apenas um símbolo.

Fraternidade, alegria e união eram agora os presentes mais importantes que eu poderia ganhar. E se eu tivesse a minha volta pessoas que demonstrassem por vontade espontânea esses sentimentos, todos os dias poderiam ser “meu dia” e não apenas no dia do meu aniversário.

Em meu aniversário, o mais importante agora era apenas comemorar. E comemorar não é simplesmente rir, não é simplesmente sorrir, não é simplesmente cantar. Não é apenas se divertir com aquilo que você já tem, ou pensar no que ainda pode ter. Comemorar é ser feliz com as pessoa que estão ao seu lado, é sentir que por ao menos um momento, ou talvez por muitos outros, você é a pessoa mais feliz do mundo.

E hoje em dia, quando penso em meu aniversário, não penso apenas em presentes, penso sim em pessoas e com quais delas vou comemorar. Pois percebi que o que vale mais no dia do seu aniversário é simplesmente se sentir feliz. E ser feliz, isso sim é viver!

– Oito de abril de 2008.

Conter-se

16 dez

Tanta ira, tanta fúria. Tem hora que nos tira do sério. Como é que isso foi parar em mim? É quase como um tiro que nos acerta de repente e não conseguimos entender nem de que direção veio, quanto mais quem disparou. Uma bala perdida. Não há muito o que fazer, você já foi ferido e está prestes a ser mais ainda. Começa a pensar se seria melhor se proteger ou revidar. Bater ou correr? E que tal acabar com o tiroteio? Você já foi ferido… nada do que faça vai fazer o sangue parar de jorrar. É difícil, mas é o que é. A retaliação vai de cada um, todos iguais e tão desiguais, de igual forma desigual reagimos. Só que a culpa não é nem de quem nos feriu, mas sim de quem disparou o tiro, que veio como um raio de luz, refletido e repassado de espelho em espelho, como numa batata-quente, até que queime justamente em você. Mas o tiro não só fere: também faz barulho. Assusta. Tanto barulho por nada. Que no fim qualquer que for a nossa reação, gera isso, Nada. Ou pior; é como ter perdido três e ter que escolher entre ganhar zero ou perder mais ainda. Matemática injusta a das variáveis inconstantes. Que é o que todos somos, alguns mais frequentemente, outros tão raramente, mas que é o que todos somos. Inconstantes e prontos para explodir.